RESUMO E RESENHA: SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS

RESUMO E RESENHA: SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS
Texto publicado no Jornal Novo Noroeste no dia 22.05
             Estamos vivendo em plena sociedade do conhecimento e alguns gêneros textuais como o Resumo e a Resenha fazem parte do nosso contexto sociocultural, especialmente, da vida escolar e acadêmica. Além disso, tais textos são muito procurados por leitores que pretendem ter uma visão geral de uma obra ou consideram a opinião crítica especializada antes de decidir por um espetáculo, um livro, um evento, um artigo científico para leitura, por exemplo. Embora, muito presentes em nosso meio, ainda há dúvidas com relação às suas principais semelhanças e/ou diferenças.


             Primeiramente, gostaria de destacar que a EXCELÊNCIA de um Resumo ou de uma Resenha está diretamente ligada à prática de leitura do autor, pois quanto maior for sua experiência com leitura e escrita, maior a qualidade do trabalho. Sendo assim, para se fazer um RESUMO ou uma RESENHA é necessário que se faça primeiramente uma boa leitura. Para um melhor entendimento de um texto, sugere-se que se faça a leitura em duas etapas:

1ª) ler para se ter a visão do conjunto do tema e/ou obra;

2ª) retomar a leitura com maior atenção, recorrer a diferentes estratégias de leitura, sinalizar tópicos frasais de maior relevância.

             O passo seguinte é a organização destas ideias em forma de texto, ou seja, é a redação do resumo com base nesses pontos chave. Então, depois de realizada a leitura, conforme a necessidade, se fará um RESUMO ou uma RESENHA, com atenção às suas DIFERENÇAS.

             Resumo é uma condensação fiel das ideias ou dos fatos contidos no texto. Quem resume deve sintetizar as informações, por isso não cabem comentários ou julgamentos. Síntese significa uma composição ou arranjo simplificado, uma descrição abreviada de um texto como um resumo, sumário, sinopse, reunindo as diversas partes em um todo unificado, conciso. Por esse motivo não deve-se reproduzir frases ou partes de frases do texto original, construindo uma espécie de “colagem”. Uma “colcha de retalhos textuais” perde o sentido da unificação e a coerência entre as partes. Resumir um texto significa reduzi-lo ao seu esqueleto essencial, sintetizá-lo, seguindo algumas recomendações:

a) Escolher e destacar com cuidado e critério apenas o que é mais importante, cada uma das partes essenciais do texto.

b) Respeitar a progressão em que as ideias centrais se sucedem, mantendo a organização original e a correlação entre as partes.

             Para resumir você deve apresentar com suas próprias palavras, as ideias principais do texto, de modo fidedigno, a partir da compreensão global da essência deste escrito original. Por isso, a sugestão anterior de que se faça a leitura em duas etapas. Evite ir resumindo a partir de uma primeira leitura.

             As resenhas têm como objetivo guiar o leitor pelo emaranhado da produção cultural ou acadêmica, que cresce a cada dia e que tende a confundir até os mais familiarizados com todo esse conteúdo. As resenhas acadêmicas podem pertencer a tipos diferentes: crítica, descritiva ou temática. A Resenha Crítica é um gênero discursivo no qual a pessoa que lê e aquela que escreve têm objetivos convergentes: uma busca e a outra fornece uma análise crítica sobre determinado livro, artigo, software de computador, filme, dentre outros. Possui um teor avaliativo e informativo.

             Nesse sentido, ela terá sempre que ser escrita por outra pessoa, que emitirá uma análise crítica acerca das ideias e conclusões contidas no texto-base.

             Como uma síntese, a resenha deve ir direto ao ponto, contendo momentos de descrição, semelhantemente ao resumo, porém diferenciando-se deste na etapa de crítica direta. O resenhista que conseguir equilibrar perfeitamente esses dois pontos terá escrito a resenha ideal.

             Segundo Désirré Motta-Roth e Grasiela Henges, no livro “Produção textual na Universidade”, publicada pela Parábola Editorial, em 2010, a estrutura retórica de uma resenha poderia ser sistematizada em 4 partes: apresentar; descrever; avaliar e recomendar (ou não) a obra.

             No entanto, sendo um gênero necessariamente breve, é perigoso cometer o erro de ser superficial demais. Desta forma, o texto precisa mostrar ao leitor as principais características da obra, sejam elas boas ou ruins. A parte analítica deve conter argumentos técnicos, bem embasados e estruturados e não opiniões superficialmente construídas sobre julgamentos de valor. Nunca use expressões como “Eu gostei” ou “Eu não gostei” e considere que todo texto é determinado pela sua finalidade, pela época em que foi escrito, pelo público para o qual se dirige e pelo veículo de comunicação em que irá circular.

             Espero que estas dicas sejam relevantes aos nossos leitores e escritores, que mais uma vez me veem destacar a importância do ler para escrever!

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