Uma escola real, com vida!

Uma escola real, com vida!
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                                                        Arisa Araujo da Luz[1]

Respeito com a educação. Respeito com a escola. Respeito com a própria vida.
Neste momento político, quando parece que retornamos à barbárie e a democracia representa mera formalidade, com banalização de normas, regras e leis, em que poderes são questionados e questionáveis, parece meio insano fazer este pedido: respeito com a educação!
Mesmo num olhar raso, é possível gritar: chega de Escola sem! Exigimos escola COM. Com mais atenção e políticas públicas para acesso e permanência na escola, com aprendizagens efetivas. Professores/as e funcionários/as COM salários em dia e COM remuneração digna. Alunos/as COM estímulo as aprendizagens e as relações humanas, COM amorosidade, ética, paixão pela profissão e amor pela vida. Para além, uma escola COM boa alimentação e COM segurança para livre trânsito de toda a comunidade escolar. COM segurança para pais e familiares chegarem e saírem da escola, no horário que desejarem. Uma escola COM vida será sempre assim: COM mil possibilidades e desafios que poderão produzir um novo tempo. COM respeito, COM vida.
Ouço muito que é preciso reduzir gastos no setor público. Com que concordo plenamente. Agora, se um governo de estado acredita que reduzir gastos com educação – básica e ensino superior – é sanar despesas, estará fadado a pagar salários em atraso, a manter índices de violência, a chorar por suas vítimas na falta de atendimento na saúde. Um governo que acredita que a crise financeira, vivida em todo o país e em grande parte do mundo, é uma crise que tem início na criação de fundações de pesquisa em todos os níveis e de formação continuada, estará fadado ao retrocesso.
Entre tantas questões, ancoro-me em uma: um estado que não reconheça sua própria universidade, está fadado ao aumento da pobreza e miséria. Ou seja, aqui no RS, a Uergs, mesmo com o menor orçamento de todas as universidades estaduais, mobiliza ensino, pesquisa e extensão, em quase todo o território do RS, e busca cada vez mais qualidade, mesmo com um mínimo de pessoal, com auxílio da comunidade acadêmica e exemplo de superação da crise, com soluções criativas e inovadoras, na maioria das 24 unidades.
Um governo que acredita que retirar Filosofia, Sociologia, Artes e Educação Física do currículo escolar, tornando-as de livre escolha dos/as alunos/as, está fadado a matar a criatividade e a própria vida. Não há vida, sem questionamentos. Sem conhecer como se criam os conceitos, como se respeita o corpo, como se entusiasma com o belo e o inovador. Inclusive, conceitos da boa política, pois tudo na vida é e será um ato político.
Uma universidade que não enfrenta o que move as discussões e as decisões na e para a sociedade, em todas as áreas, que fica no lamento da falta, não precisará existir, pois, alienada, alienará gentes que poderiam ser a voz forte, buscando entre tantas carências sociais, uma educação de qualidade e soluções práticas para superar a crise financeira, ética e de valores que estamos vivendo. Reforço, mesmo na falta.
Quando tivermos uma escola COM vida, que convide à vida, nunca mais precisaremos de gastos - de tempo e de dinheiro - para dizer de que projeto de escola precisamos.
Precisamos, sim, de uma escola que convide para uma escola COM vida. 



[1] Reitora da Uergs. Bacharel em Economia; Pedagoga e Pós-doutora em Educação.
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