Avaliar é preciso, mas qual é o sentido e a finalidade da avaliação?

Avaliar é preciso, mas qual é o sentido e a finalidade da avaliação?
Texto publicado no Jornal Novo Noroeste no dia 09.10
             Normalmente, quando perguntamos para alguém o que é avaliar, obtemos algumas respostas do tipo: “é determinar a valia ou valor de algo ou de alguém”, “é apreciar ou estimar o merecimento de”, “é julgar”, “é verificar se houve ou não aprendizagem”. No entanto, penso que deveríamos ampliar o nosso olhar, especialmente ao nos referirmos ao processo de avaliação escolar.



             A avaliação é um elemento fundamental no processo de construção do conhecimento. Nesse sentido, deveria ser dinâmica e interativa, interligar os diferentes momentos da ação pedagógica, estar vinculada ao planejamento, constituir-se em um processo de diagnóstico capaz de oferecer evidências ou subsídios para o professor: * Conhecer melhor o aluno: identificar suas competências e habilidades, seu estilo de aprendizagem, seus interesses e suas principais dificuldades.

* Constatar o que está sendo aprendido: recolher informações, de forma contínua e com diversos procedimentos metodológicos não apenas considerar uma prova ou teste para atribuir uma nota ou conceito no final de um trimestre. A avaliação da aprendizagem deveria ser realizada ora em relação a todo grupo-classe, ora em relação a um determinado aluno em particular, sempre considerando a singularidade de cada um.

* Adequar o processo de ensino aos alunos como grupo e àqueles que apresentam dificuldades, tendo em vista os objetivos propostos.

* Julgar globalmente um processo de ensino-aprendizagem: ao término de uma determinada unidade, por exemplo, fazer uma análise do sucesso alcançado em função dos objetivos previstos e revê-los de acordo com os resultados apresentados.

             Nessa perspectiva, a avaliação possibilitaria ao professor autoavaliar-se, identificar as dificuldades de seus alunos, compreender melhor as formas de aprendizagem e gerar novos conhecimentos. Por parte do aprendiz, a avaliação possibilitaria a ele também se autoavaliar, conhecer-se melhor, motivar-se, melhorar a sua autoestima, buscar outras formas de estudo e principalmente ampliar seus conhecimentos.

             A avaliação sempre esteve presente na trajetória do homem, impulsionando-o a buscar soluções para questões postas pela realidade, levando-o a novas conquistas e descobertas. No entanto, dependendo de como a avaliação é concebida, esta ao invés de gerar crescimento e descobertas, pode gerar marcas negativas na vida do ser humano. Por isso, o ato de avaliar deve estar fundamentado em atitudes construtivas, baseadas na ética, no respeito e na justiça.

             Segundo o professor Cipriano Carlos Luckesi, historicamente a avaliação no Brasil tem sido “autoritária e classificatória, pois esse caráter pertence à essência dessa perspectiva de sociedade, que exige controle e enquadramento dos indivíduos nos parâmetros previamente estabelecidos de equilíbrio social”. Entretanto, a percepção de mundo e de seus novos paradigmas, vem mostrando a necessidade de mudanças quanto ao processo educativo. O processo de ensino e aprendizagem precisa ser pensado como subsidiário da construção de saberes e competências dos alunos, esperando-se assim que a avaliação se torne uma ‘poderosa alavanca’ para a ampliação do êxito na escola e não simplesmente para a constatação do seu fracasso. Como salienta a professora Maria Celina Melchior: “Quando a aprendizagem não ocorre, tanto professor quanto o aluno deve ser avaliado!”.

             Por fim, a avaliação deve possibilitar reorganizar o processo, gerar novos desafios e melhorar a aprendizagem. Se a avaliação não proporcionar uma mudança de atitudes de acordo com o resultado, ajudar o professor e o aluno a se autoavaliarem, sendo executada como elemento integrante do processo de construção de conhecimento ela não estará cumprindo com sua finalidade e ainda estará cometendo injustiças.
sippert.luciane@gmail.com
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