[ARTIGO DE OPINIÃO] Dinheiro na conta
Depois de atravessarmos os
últimos anos com uma economia extremamente delicada, e reviravoltas políticas,
o promitente 2020 trazia esperança pra quem almejava desfrutar do
neoliberalismo, e a todos que alinhavam-se na normalidade de um capitalismo
corrente e tranquilo. A epidemia que tomou proporções internacionais,
ocasionada por um inimigo invisível, dirimiu tal expectativa, e nos colocou –
despreparadamente – a prova de capacidade psicológica e social.
Os sintomas apareceram
primeiramente em âmbito internacional, como o caso da China, que vinha nas
últimas duas décadas ameaçando exponencialmente o mercado financeiro ocidental.
Com o epicentro da doença em uma valiosa cidade industrial e com liderança na
presença tecnológica, a China foi atacada no seu “Cabelo de Sansão”. O termo,
provém da força que o personagem bíblico exaltava em virtude de seus longos
cabelos, e assim pode ser descrita a situação, uma vez que a força econômica
chinesa provém das exportações, pela sua produção de baixo custo, e com a
retração da demanda internacional em muitos mercados, os resultados tendem a
ser menores.
Com o abastecimento de tudo no
Brasil, sofrendo brutalmente a lei da oferta e da demanda, o impacto gerado nas
economias familiares, atingiu os grandes centros. A expectativa de inflação é
de baixa, pois as pessoas estão consumindo menos e a presença financeira do
governo, em um período assim, deve ser agressiva, afim de assegurar sua
população, o mantimento de suas essencialidades, e segurar o máximo possível o
ciclo.
Por conta disso, um dos visíveis
impactos e consequências, e que vem sendo passado despercebido, é do quão
espaço o crédito conquistou. É evidente que nenhuma iniciativa contra a
pandemia será eficaz em sua totalidade. Mas o conjunto das medidas, podem
apresentar resultados otimistas para a amenização da crise. Alternativas proporcionadas
pela era digital, no cenário cultural e principalmente econômico, tais como
negociações e transações virtuais, tomam cada vez mais espaço e importância no
cotidiano das pessoas, que através de seus créditos, poucos toques e alguns
números, vão inibindo cada vez mais o uso das cédulas e moedas.
Com as pessoas comprando menos,
em virtude da menor circulação de moeda, os preços tendem a cair, e a inflação abaixo
da meta. A falta de liquidez no momento atual, para desempenho das pessoas e
setores, faz com que recorramos ao uso e aumento de crédito. O dinheiro em si,
num momento de recesso, tende a ficar mais concentrado e retido.
A necessidade de crédito é cada
vez mais visível, tanto para necessidades atuais e futuras como para saldar
dívidas, proveniente de uma busca de crédito em momento anterior. Em todos os
setores em que se percebe a falta da liquidez no momento próximo a aquisição,
pleiteia-se a possibilidade do pagamento futuro. Contudo, essa credibilidade
deve ser conquistada a partir de um bom histórico como pagador, em todos os
níveis da cadeia econômica, o crédito é concedido a partir da comprovação de
capacidade de pagamento, por parte do devedor. Desta maneira, o fato de poder
adiar o débito para o futuro, tornou-se imprescindível, desde a dona Maria, até
o NAFTA.