[ARTIGO DE OPINIÃO] Dinheiro na conta

 



DINHEIRO NA CONTA [1]


                                                                                                 Alessandro Kruel[2] 
                                                                                                 Karine Daiane Zingler [3]

[1] Artigo de opinião escrito dentro do projeto de extensão da Uergs: "Frederico Westphalen sobre a pandemia de Covid-19".
[2] Acadêmico do 5° semestre do curso de Administração Pública – UERGS, Frederico Westphalen.
[3] Professora e coordenadora do curso de Administração Pública– UERGS, Frederico Westphalen.


     Depois de atravessarmos os últimos anos com uma economia extremamente delicada, e reviravoltas políticas, o promitente 2020 trazia esperança pra quem almejava desfrutar do neoliberalismo, e a todos que alinhavam-se na normalidade de um capitalismo corrente e tranquilo. A epidemia que tomou proporções internacionais, ocasionada por um inimigo invisível, dirimiu tal expectativa, e nos colocou – despreparadamente – a prova de capacidade psicológica e social.

     Os sintomas apareceram primeiramente em âmbito internacional, como o caso da China, que vinha nas últimas duas décadas ameaçando exponencialmente o mercado financeiro ocidental. Com o epicentro da doença em uma valiosa cidade industrial e com liderança na presença tecnológica, a China foi atacada no seu “Cabelo de Sansão”. O termo, provém da força que o personagem bíblico exaltava em virtude de seus longos cabelos, e assim pode ser descrita a situação, uma vez que a força econômica chinesa provém das exportações, pela sua produção de baixo custo, e com a retração da demanda internacional em muitos mercados, os resultados tendem a ser menores.

     Com o abastecimento de tudo no Brasil, sofrendo brutalmente a lei da oferta e da demanda, o impacto gerado nas economias familiares, atingiu os grandes centros. A expectativa de inflação é de baixa, pois as pessoas estão consumindo menos e a presença financeira do governo, em um período assim, deve ser agressiva, afim de assegurar sua população, o mantimento de suas essencialidades, e segurar o máximo possível o ciclo.

     Por conta disso, um dos visíveis impactos e consequências, e que vem sendo passado despercebido, é do quão espaço o crédito conquistou. É evidente que nenhuma iniciativa contra a pandemia será eficaz em sua totalidade. Mas o conjunto das medidas, podem apresentar resultados otimistas para a amenização da crise. Alternativas proporcionadas pela era digital, no cenário cultural e principalmente econômico, tais como negociações e transações virtuais, tomam cada vez mais espaço e importância no cotidiano das pessoas, que através de seus créditos, poucos toques e alguns números, vão inibindo cada vez mais o uso das cédulas e moedas.

     Com as pessoas comprando menos, em virtude da menor circulação de moeda, os preços tendem a cair, e a inflação abaixo da meta. A falta de liquidez no momento atual, para desempenho das pessoas e setores, faz com que recorramos ao uso e aumento de crédito. O dinheiro em si, num momento de recesso, tende a ficar mais concentrado e retido.

     A necessidade de crédito é cada vez mais visível, tanto para necessidades atuais e futuras como para saldar dívidas, proveniente de uma busca de crédito em momento anterior. Em todos os setores em que se percebe a falta da liquidez no momento próximo a aquisição, pleiteia-se a possibilidade do pagamento futuro. Contudo, essa credibilidade deve ser conquistada a partir de um bom histórico como pagador, em todos os níveis da cadeia econômica, o crédito é concedido a partir da comprovação de capacidade de pagamento, por parte do devedor. Desta maneira, o fato de poder adiar o débito para o futuro, tornou-se imprescindível, desde a dona Maria, até o NAFTA.

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