[ARTIGO DE OPINIÃO] O que a pandemia revalida sobre a comunicação humana

 



O QUE A PANDEMIA REVALIDA SOBRE A COMUNICAÇÃO HUMANA [1]


                                                                                                 Cristiane Maiara Luza[2]
                                                                                                 Claudia Cristina Wesendonck[3]

[1] Artigo de opinião escrito dentro do projeto de extensão da Uergs: "Frederico Westphalen sobre a pandemia de Covid-19".
[2] Graduada em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo (UFSM/FW) e acadêmica da Especialização Liderança e Sustentabilidade (Uergs/FW)
[3] Doutora em Desenvolvimento Regional e Agronegócios  (Unioeste/PR) e professora adjunta da Uergs - Frederico Westphalen


     Em meio à pandemia de Covid-19, as conversas por vias eletrônicas ganharam de vez maior espaço na vida das pessoas que possuem acesso à internet. E-mails, videochamadas, mensagens de texto por aplicativos, recados ou comentários nos perfis de redes sociais alcançam posição de destaque quando o assunto é interações, fazendo com que computadores e celulares adquiram, mais do que nunca, status de extensões do corpo, seja para quem está trabalhando em casa ou aguardando a propagação do vírus diminuir para retomar as atividades.

            Em decorrência disso e com a necessidade de distanciamento físico, as rotinas de muitas famílias precisaram passar por adaptação, assim como agendas, planos pessoais e projetos de carreira. Para auxiliar nesse cenário, muitos softwares foram desenvolvidos para que as pessoas pudessem cumprir atividades cotidianas em casa, por exemplo, aplicativos para aferir desempenho em exercícios físicos, produtividade laboral, realizar movimentações financeiras, erguer pontes para a expansão do conhecimento científico e construir degraus de proximidade, que agigantam no inconsciente coletivo a imagem de “ciborgues”, contrastando com as realidades de desigualdades sociais dos não conectados e de luta contra um oponente fatal, invisível a olho nu, à espreita para lembrar que tecnologia alguma é capaz de reverter a morte.

            Com uma sociedade cada vez mais tecnológica e mutável, dentro de organizações ou no seio dos lares, cresce a percepção sobre a importância de se comunicar eficazmente. Tendo como instrumento a linguagem, como fazer com que quem está do outro lado da tela compreenda a mensagem mesmo sem ouvir o tom de voz, tocar o interlocutor e visualizar expressões faciais? Filósofo da linguagem britânico, Paul Grice (1975) estabeleceu a cooperação como princípio para que o remetente se comunique de maneira mais completa e explícita possível, objetivando que o destinatário interprete e responda conforme o esperado, a cumplicidade se concretize e haja entendimento recíproco sem desperdício de tempo.

            A partir dessa compreensão, o diálogo toma contornos a partir de quatro máximas conversacionais: a da qualidade, a da quantidade, a da relevância e a de modo. Seguindo as teorias de Grice (1975), para a qualidade, faça sua contribuição com base no que é verdadeiro, excluindo o que acredita ser falso ou que não tenha evidências suficientes sobre a existência. No âmbito da quantidade, fale de maneira tão informativa quanto necessário, sem adicionar o que não for preciso. A máxima da relevância é autoexplicativa, isto é, seja relevante. Por fim, a de modo lança luz sobre a perspicácia, fuja de ambiguidades, obscuridades de expressão, seja breve e metódico.

            Embora nem sempre o falante se dê conta de como procede ao se comunicar e faça suposições básicas naturalmente ao conversar com o outro com base em experiências anteriores, é válido realçar cada uma delas neste momento, principalmente para quem se interessa pela gestão de pessoas ou almeja exercer papéis de liderança, a fim de amenizar riscos de falhas que potencialmente ocasionem dissabores, facilmente evitáveis por algo tão simples e inerente ao ser humano como é a comunicação.



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