[ARTIGO DE OPINIÃO] O que a pandemia revalida sobre a comunicação humana
Em
decorrência disso e com a necessidade de distanciamento físico, as rotinas de
muitas famílias precisaram passar por adaptação, assim como agendas, planos
pessoais e projetos de carreira. Para auxiliar nesse cenário, muitos softwares
foram desenvolvidos para que as pessoas pudessem cumprir atividades cotidianas
em casa, por exemplo, aplicativos para aferir desempenho em exercícios físicos,
produtividade laboral, realizar movimentações financeiras, erguer pontes para a
expansão do conhecimento científico e construir degraus de proximidade, que
agigantam no inconsciente coletivo a imagem de “ciborgues”, contrastando com as
realidades de desigualdades sociais dos não conectados e de luta contra um
oponente fatal, invisível a olho nu, à espreita para lembrar que tecnologia
alguma é capaz de reverter a morte.
Com
uma sociedade cada vez mais tecnológica e mutável, dentro de organizações ou no
seio dos lares, cresce a percepção sobre a importância de se comunicar
eficazmente. Tendo como instrumento a linguagem, como fazer com que quem está
do outro lado da tela compreenda a mensagem mesmo sem ouvir o tom de voz, tocar
o interlocutor e visualizar expressões faciais? Filósofo da linguagem
britânico, Paul Grice (1975) estabeleceu a cooperação como princípio para que o
remetente se comunique de maneira mais completa e explícita possível,
objetivando que o destinatário interprete e responda conforme o esperado, a
cumplicidade se concretize e haja entendimento recíproco sem desperdício de
tempo.
A
partir dessa compreensão, o diálogo toma contornos a partir de quatro máximas
conversacionais: a da qualidade, a da quantidade, a da relevância e a de modo.
Seguindo as teorias de Grice (1975), para a qualidade, faça sua contribuição
com base no que é verdadeiro, excluindo o que acredita ser falso ou que não
tenha evidências suficientes sobre a existência. No âmbito da quantidade, fale
de maneira tão informativa quanto necessário, sem adicionar o que não for
preciso. A máxima da relevância é autoexplicativa, isto é, seja relevante. Por
fim, a de modo lança luz sobre a perspicácia, fuja de ambiguidades,
obscuridades de expressão, seja breve e metódico.
Embora
nem sempre o falante se dê conta de como procede ao se comunicar e faça
suposições básicas naturalmente ao conversar com o outro com base em
experiências anteriores, é válido realçar cada uma delas neste momento,
principalmente para quem se interessa pela gestão de pessoas ou almeja exercer
papéis de liderança, a fim de amenizar riscos de falhas que potencialmente
ocasionem dissabores, facilmente evitáveis por algo tão simples e inerente ao
ser humano como é a comunicação.